Crítica | Alien: Covenant 2017

Tudo está quieto na espaçonave Covenant. A tripulação e as outras 2.000 pessoas a bordo da espaçonave pioneira estão em sono profundo, enquanto o androide Walter perambula a sós pelos corredores. A nave está a caminho do distante planeta Origae-6, no extremo oposto da galáxia, onde os colonizadores esperam estabelecer uma nova base para a raça humana. Essa tranquilidade acaba quando a explosão de uma estrela próxima destrói os painéis de coleta de energia da Covenant, o que resulta em dezenas de mortes e altera o curso da missão.

Em pouco tempo, os membros sobreviventes da tripulação descobrem o que parece ser um paraíso desconhecido, um jardim do Éden intocado com montanhas de picos encobertos por nuvens e árvores imensas, muito mais próximo e tão viável quanto Origae-6. Na verdade, entretanto, trata-se de um mundo sombrio e mortal, cheio de surpresas e reviravoltas. Diante de uma terrível ameaça além da imaginação, os exploradores terão que encontrar uma saída.

A história de Alien: Covenant se passa 10 anos após os acontecimentos de Prometheus, último filme da franquia Alien por Ridley Scott em 2012, e tenta deploravelmente retornar às raízes da saga inovadora criada pelo diretor com uma trama fraca ao ponto de nos perguntamos o quanto era necessária a realização de um novo Alien.

Apesar do título dizer o contrário, Alien: Covenant dá sequência diretamente aos acontecimentos de Prometheus, decepcionando as expectativas criadas por Ridley Scott a uma retomada às singularidades que fizeram de “Alien, O Oitavo Passageiro” um filme memorável. Covenant é uma expansão da proposta apresentada pelo diretor em Prometheus, mas aqui esta proposta não tem mais um propósito tão atrativo quanto antes.

A grande questão é que o roteiro de Prometheus abriu muitas questões sobre o universo criado por Ridley Scott. Questões que não obtiveram respostas satisfatórias (ou resposta alguma), para dar espaço a uma sequência de uma vindoura nova franquia que poderia agradar aos fãs e o público em geral, sem precisar engatar diretamente na franquia Alien novamente. Porém, Alien: Covenant, tenta a todo custo resolver as questões não resolvidas do roteiro de Prometheus ao mesmo tempo que tenta dar um reboot na franquia Alien, e o resultado disso é uma tremenda bagunça.

Transitando entre cenas em corredores de naves e cenas em espaço aberto, o filme não consegue construir uma ambientação que faça com que o espectador sinta qualquer tipo de terror nas duas horas de projeção. Ridley tenta reconstituir as famosas cenas claustrofóbicas da franquia Alien com personagens desinteressantes e acidentalmente caricatos tomando decisões absurdamente estúpidas, uma fórmula que lembra os filmes de comédia Todo Mundo em Pânico, testando a capacidade do espectador de não rir com tamanha estupidez.

Interpretando mais uma vez o androide David, Michael Fassbender retorna também com um novo personagem, o androide Walter, que é uma versão mais recente da linha de androides a qual ambos pertencem. Sua participação no filme serve apenas para criar momentos de epifania para David, e criar a famosa tensão Paola-Paulínia que já estamos cansados de ver no cinema e na televisão.

A grande adição ao elenco é Katherine Waterson, que recentemente ganhou mais atenção mundialmente pelo seu papel em Animais Fantásticos e Onde Habitam. Ao contrário do que é mostrado no material de divulgação de Covenant, a personagem de Waterson não é nenhuma nova Ripley. Apesar de possuir uma caracterização similar, a personagem de Katherine carece de poder feminino e poderia ter algumas aulas com a ilustre Sigourney Weaver, que faz uma falta tremenda neste filme! Todo o elenco de apoio é descartável e não recebe desenvolvimento algum durante a trama para nos importamos um pouquinho sequer durante as suas mortes. Lamentável.

Com um roteiro que brinca com a capacidade de raciocínio do público e que não respeita a mitologia criada pelo mesmo responsável, Alien: Covenant tropeça em sua proposta e deixa a dúvida do porquê de ter sido nomeado como parte de uma franquia que não devia ser mexida sem uma preocupação maior em manter a sua qualidade.

Nota: 6,5

O filme estreia nos cinemas brasileiros no dia 11 de maio, uma semana antes da estreia norte-americana.

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