Crítica II | Baywatch (2017)

Por Getúlio Ribeiro

Há alguns anos atrás assisti ao filme “Projeto X” e ainda me lembro da sensação que tive quando os créditos finais começaram a subir. Foi a de ter assistido um dos longas mais “errados” já realizados onde, na tentativa de tirar risadas do espectador, o filme precisou ser vulgar, sexista, inconsequente e narrativamente irrelevante. Como em um Dejávù, tive a mesma sensação ao assistir “Baywatch“, adaptação para o cinema da icônica série de tv de mesmo nome dos anos 90, conhecida no Brasil como “S.O.S. Malibu”.

Dirigido por Seth Gordon (Quero Matar Meu Chefe), o longa conta a história de um grupo de salva-vidas liderado por Mitch Buchannon (Dwayne Johnson) que, entre afogamentos e resgates em alto mar, precisam juntos desbancar um esquema de tráfico de drogas comandado pela sofrível vilã, que adora explicar seus planos maléficos entre um decote e outro, Victória Leeds (Priyanka Chopra). Além de Dwayne Johnson (Velozes e Furiosos) e Priyanka Chopra (Quântico), o elenco principal conta também com Zac Efron (High School Musical), Alexandra Daddario (O Massacre da Serra Elétrica), Jon Bass (Perseguição), Kelly Rohrbach (Café Society) e Ilfenesh Hadera (Deception).

Elenco de Baywatch.

Na tentativa de fazer uma comédia descompromissada para maiores, “Baywatch” parece ser um filme desesperado e carente, como aquele tio que se acha engraçado, mas que na verdade só quer ter um pouco de atenção. Com humor irônico, físico, escatológico e politicamente incorreto, as piadas só funcionam mesmo quando são feitas de maneira mais simples, como as menções a cultura pop, que tiravam as gargalhadas mais sinceras na sessão. No mais, tudo parece forçado, rude e digno de vergonha alheia – vide a cena em que Ronnie (Jon Bass) se engasga e precisa da ajuda de C.J (Kelly Rohrbach). Em determinado momento o filme parece ter consciência de que não é engraçado e tenta apostar suas fichas na ação e, sem competência para isso, falha mais uma vez. Cenas mal elaboradas com péssimos efeitos especiais e o uso descontrolado de câmeras lentas o que, por sua vez, estão ali para ressaltar a única coisa que o filme faz bem feito: ser sexista. As câmeras lentas são usadas para realçar os atributos masculinos em cenas de ação e quando são usadas em personagens femininas, expõe seus atributos de forma gratuita em closes nada discretos, deixando bem claro a posição do homem e da mulher dentro da trama. O fato das mulheres do filme terem participação mínima na ação, e ser de extrema importância para piadas de cunho sexual ou interesse amoroso de alguém, só confirma o sexismo no longa. No fim o filme acerta ao menos na escalação de Dwayne “The Rock” Johnson, que esbanja carisma durante toda a projeção.

Elenco feminino em cena de Baywatch.

Diante de uma comédia sem graça e provavelmente um dos piores filmes do ano, deixo aos produtores de Hollywood que visam apenas lucro um conselho que recebi esses dias da Dona Mirlene em sua barraca de pastel: “Venda apenas o que gostaria de comprar”.

Nota: 2.0

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