Crítica | Divórcio (2017)

Longa nacional é uma chama de esperança para todos que cansaram das comédias preguiçosas, que constantemente estreiam nos cinemas, realizados pela Globo Filmes.

Por Jadson Dias

Um casal que enriquece juntos, por conta do sucesso de uma receita de extrato de tomate, vê seu casamento ruir devido à rotina e o distanciamento um do outro. Quando não se suportam mais, decidem pelo divórcio. A direção faz um excelente trabalho de introdução dos personagens principais e do seu amor. Mostrar o quão apaixonado foi o casal, o quanto eram  pobres e como construíram juntos o império dá profundidade ao tema do filme: separação.

Na primeira cena temos uma perseguição de carro com uma fotografia estilosa e uma trilha sonora bem Rock’in Roll, que chama bastante atenção. De nenhum modo se parece com os filmes preguiçosos de comédias brasileiras. Diferente da maioria, o valor de produção realça os olhos, não só nos cenários luxuosos ou carrões, mas em todo tratamento do longa, é um filme bonito de se ver.

Camila Morgado e Murilo Benício em cena de “Divórcio”| Imagem: Divulgação

Abraçando seu gênero, o longa traz seus personagens caricatos, aqui focados no interior de São Paulo. Camila Morgado é carismática, sabe ir da ingênua para a leoa que defende seu patrimônio, sem perder o fio da personagem. Murilo Benício, mesmo não tendo mais idade para flashbacks, faz uma mistura de todos os seus personagens da Tv e cria uma risada de dar agonia, funcionando em tela. O casal tem química, os diálogos são engraçados e não forçam a barra do ridículo para o engraçado.

Já os coadjuvantes são os mais funcionais possíveis e com poucos momentos inspirados, com exceção dos advogados de cada parte que trazem a malicia para o embate do divórcio. Um pouco mais de ritmo, algumas piadas boas pegam o público, e esmero no roteiro, vide a cena da balada sertaneja, iria ajudar muito no resultado final.

Camila Morgado em cena de “Divórcio”| Imagem: Divulgação

No fim do segundo ato, junto com o ponto de virada, surge o personagem do Paulinho Serra dando o sopro “No Sense” que o filme precisava. Sabendo o que tinha em mãos, Pedro Amorim, diretor do longa, fez o filme mais reconhecível possível comparado aos clichês da comédia romântica hollywoodiana, e mesmo sem sair do comum, tem na sua execução toques diferentes, subvertendo alguns clichês. Soluções sofisticadas é o toque de novidade que o cinema nacional precisa para se renovar. Mas, o fim do terceiro ato é muito simplório, corrido, soando até largado. Como se quisessem acabar logo o filme, quase que desperdiçando todo o engajamento.

Mesmo faltando uma conclusão satisfatória, Divórcio deixa mais avanços que retrocessos. Foram dois passos para frente e um para trás, deixando claro que o potencial para mudar o histórico de filmes de comédias , não engraçados, está cada vez maior.

Nota: 7,5

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