Crítica | Assassinato no Expresso do Oriente (2017)

por Cesar Phillipe

O Assassinato no Expresso do Oriente é uma das muitas aventuras famosas na literatura do detetive Hercule Poirot, que aqui enfrenta o desafio de ser apresentando ao grande público e conseguir reproduzir o mesmo sucesso do mundo literário. Temos um time estrelado por grandes nomes no elenco, um material fonte rico de Agatha Christie, Kenneth Branagh dando vida ao protagonista e ocupando a cadeira da direção, e é seguro dizer que o resultado é, no final das contas, bastante positivo.

Kenneth Branagh como o detetive Hercule Poirot.

A sequência de abertura do filme, assim como o primeiro ato, são muito eficientes e conseguem apresentar muito bem a figura um tanto quanto excêntrica e curiosa do detetive Poirot, sendo esse um dos primeiros grandes acertos do filme. A apresentação de Poirot segue o ritmo dessa primeira parte do longa, que caminha em uma marcha mais acelerada. Nesse primeiro momento também somos apresentados a pontos fundamentais do desenvolvimento da trama e do próprio protagonista, a existência do certo e errado como bússola moral absoluta e que não admite a existência de nada no meio do caminho entre essas duas coisas; um segundo ponto importantíssimo é a ideia de simetria e equilíbrio. Durante essa primeira parte esses pontos são apresentados de uma maneira bastante divertida e com alguns momentos bem engraçados. O filme caminha então, em um segundo momento, para uma parte mais interessante, focada na interação de Poirot com os demais personagens, com destaque para Miss Mary Debenham (Daisy Ridley), Hector MacQueen (Josh Gad) e Caroline Hubbard (Michelle Pfeiffer). Enquanto tenta solucionar um misterioso caso de assassinato ocorrido no trem em que estava abordo, o detetive vai se deparar com alguns obstáculos inesperados.

Daisy Ridley como Miss Mary Debenham.

A partir do momento em que é estabelecido o mistério, o filme se dá a liberdade de desacelerar aos poucos, e assim consegue criar um bom clima de suspense fantástico. Embora mais lento, em momento nenhum a trama parece se arrastar desnecessariamente ou prolongar demais elementos desnecessários, mas é nesse momento também que algumas falhas se tornam mais evidentes, em especial a caracterização de algumas personagens que, caricatural demais, acaba atrapalhando a fluidez da narrativa, ou simplesmente não permite um encaixe tão bom com as demais personagens. Vale destacar também uma trilha que na verdade não se destaca em momento algum, sendo um pouco intrusiva demais no início e depois quase desaparecendo por um bom pedaço do filme, retornando um pouco melhor mas tarde. Pesa sempre em favor do filme que a grande maioria dos atores está muito bem e tem espaço para entregar boas performances.

Michelle Pfeiffer como Caroline Hubbard.

Sim, o saldo final é bastante positivo. Somos apresentados a um personagem carismático que acaba funcionando muito bem dentro de seu universo carregado em um ar de mistério e suspense fantástico. Uma jornada de autoconhecimento é concluída de maneira muito clara, e assim como Poirot somos colocados para pensar sobre os conceitos de certo e errado.

Nota: 8.0

Assassinato no Expresso Oriente estreia hoje, 30 de novembro, nos cinemas brasileiros.

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