Entrevista | “Achei a personagem deslumbrante” – Magali Biff, protagonista de Pela Janela

O filme  Pela Janela, estrelado por Magali Bif,f circulou nos festivais de Roterdã, Cuba e Gramado; chegando aos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira, dia 18 de janeiro.

Pela Janela conta a história de Rosália ( Magali Biff) uma mulher madura  que trabalhou durante a maior parte de sua vida adulta como operária numa fábrica da periferia de São Paulo. Ela fica desempregada repentinamente porque haverá uma fusão entre a fábrica que trabalha e outra empresa. Rosália sente-se devastada pelos acontecimentos e por falta de opção acompanha seu irmão, José (Cacá Amaral) em uma viagem de carro para a Argentina. Ao longo do filme, ela descobre novas  sensações, paisagens, pessoas e, pouco a pouco, se reencanta com a vida.

Magali Biff é uma atriz consagrada por sua trajetória no teatro e na televisão mas ainda não tinha vivido uma protagonista no cinema até o momento. No filme “Pela Janela” ela faz um trabalho sensível e repleto de nuances, e seu trabalho está sendo aclamado pela crítica nacional e internacional. Magali ganhou o prêmio de destaque feminino no festival Femina no Rio de Janeiro, o de melhor atriz no 12º Fest Aruanda(PB) e foi indicada a melhor atriz em Gramado.

Confira a entrevista com a diretora do filme Pela Janela, Caroline Leone

O Cin3filia fez uma entrevista exclusiva com a atriz na qual ela conta sobre todo o processo do filme. Confira abaixo:

Como você entrou no projeto?

Eu fui chamada pra fazer um teste, mas desde o começo foi um processo bem diferente, a Caroline mandou um terço do filme e geralmente se recebe apenas uma cena. Foi incrível e desde a primeira leitura eu me encantei com a Rosália. Achei o personagem deslumbrante. Olhando o roteiro pensei, nossa como eu gostaria de fazer essa personagem, ela tem tudo a ver comigo.

Acho que o filme tem uma empatia não necessariamente só para os operários. Você tem uma profissão e a profissão é o seu centro na vida, quanta gente não vive assim?  E é isso que acontece com a Rosália de certo modo, ao perder o emprego ela morre e o irmão percebe e tem o carinho e a doçura de levá-la nessa viagem.

Magali Biff em cena do filme “Pela Janela”

O que mais te encanta no filme?

Acho que a beleza do filme é retratar a vida como ela é, ninguém renasce de um dia para o outro. Você morre e vai renascendo aos poucos. E esse filme tem essa simplicidade e essa beleza narrativa.

Como você descreveria a Rosália?

Rosália é uma pessoa muito forte, muito bonita, ela é uma fortaleza. Uma pessoa que não sabe muito de si e que nem percebe sua própria força. Uma mulher que não conheceu os prazeres da vida até porque as circunstâncias econômicas não permitiram. Eu acho que existem muitas Rosálias por aí, independente de serem  operárias ou não. Com duas jornadas de trabalho, o dia todo na fábrica, e depois em casa, lava, passa e cozinha. A Rosália, em particular, gera ainda mais empatia porque ela é uma personagem solitária. Só tem o irmão e por isso eles têm tanto afeto.

Os diálogos do filme são muito singelos. Enquanto atriz, como foi o processo?

A Caroline (Diretora) não trabalha somente com o texto do roteiro, ela não quer que os atores fiquem presos a esse. O roteiro é pretexto para entrarmos na cena. Ela não quer que você use as palavras tal qual estão ali. Então é um processo bem difícil para o ator porque você tem que entrar na ação e a entrega tem que ser absoluta ao personagem; e com isso têm diversos diálogos do filme que não estavam no roteiro. Acho que o processo de preparação foi importantíssimo para os diálogos fluírem. Ficamos três meses construindo e trabalhando em cima de jogos de cena que a Caroline propunha.

Magali Biff e Cacá Amaral em cena do filme “Pela Janela”

No filme tudo é construído através de pequenos gestos. Como foi isso para o seu  trabalho como atriz?

É criar no momento real, fazendo aquilo que a Caroline tanto desejou e construiu. No set ela não falava nada, já tínhamos lido o roteiro diversas vezes, não tinha o que explicar, a gente conhecia os personagens e sabia o que tinha que fazer. Então entre um take e outro ela só falava que a gente não tinha chegado ainda e aí a gente vivia a situação de novo. Então foi necessário uma entrega total, observávamos os gestos dos outros e buscávamos estar presente na situação.

E como foi com o elenco argentino?

Exatamente no mesmo pique. O elenco é composto basicamente por não atores, então foi um jogo de cena de ouvir e ver o que vinha deles e responder no momento da cena.

E como você esta vendo o retorno do filme?

Estou muito feliz com a recepção do filme: fomos para Rotterdã, Cuba, Gramado, ganhamos melhor ator e melhor atriz na Paraíba e ganhei destaque feminino no Femina no Rio de Janeiro. Acho que o reconhecimento é muito bacana e que o filme merece porque ele fala sobre tantas coisas. Tem essa camada sobre a relação entre  irmãos na maturidade que não é um tema muito abordado assim como desemprego em uma idade já bem adulta. Tanta coisa bonita que o filme revela pouco a pouco… Não é um filme sobre algo grandioso, mas sobre os detalhes e tem esse jeito extremamente sutil que reflete muito como é a vida real.

Quais os seus próximos projetos?

Eu gostaria muito de continuar fazendo cinema. Me apaixonei e espero que os diretores e produtores me convidem para outros filmes.

 

Confira as demais entrevistas:

Entrevista | “As decisões da direção são sempre extremamente práticas e complexas” – Caroline Leone, diretora de Pela Janela

Entrevista | Cacá Amaral sobre “Pela Janela”

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